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Quantos de nós não ouvimos, quando crianças, a frase «homem não chora». Mas, os especialista em saúde ocular tem vindo a «desconstruir» essa crença antiga e dizem, claramente, que o homem pode e deve chorar, nem que seja para lubrificar os olhos e evitar os incómodos do olho seco.

Por isso, que nada melhor que um «bom choro» ou uma «boa lágrima para «acalmar» os olhos das crianças que, já antes da pandemia, passavam bastante tempo em frente a aparelhos electrónicos e TV, o que tem originado alguns problemas de foro oftalmológico. 

Com o confinamento a situação agravou-se. Os pais em tele-trabalho, «dando» menos atenção às crianças e entretendo-as com os tablet’s, telemóveis e PC’s, propiciaram o aparecimento de maleitas oculares, nomeadamente o olho seco, que pode ser resolvido com «uma boa lágrima» que mantém o olho lubrificado.

De acordo com optometristas e oftalmologistas, a lágrima mantém a lubrificação dos olhos, protegendo-os de agentes externos – poeira e bactérias, por exemplo, responsáveis por inflamações. Isso explica porque lacrimejamos sempre que «algo entra em contato com o globo ocular».

É preciso ter em conta que chorar, além de libertar emoções intensas, ajuda a prevenir a síndrome do olho seco, que ocorre quando as lágrimas não são capazes de fornecer lubrificação adequada aos olhos.

Consultas regulares

Para o optometrista Carlos António, do Grupo Prolente/Nacional Óptica, «muitas causas de deficiência visual podem ser evitadas ou tratadas», desde que se consulte, regularmente, um optometrista para realizar uma avaliação da saúde visual. Por isso, do ponto de vista deste especialista, a sensibilização e a educação da população são relevantes para um correto e consciente cuidado com a saúde da visão.

A boa lágrima, defende Carlos António, é «um dos factores mais importante da saúde ocular» e quem sofre de deficit lacrimal, ou olho seco, sabe que é um problema de saúde muito incómodo, exigindo do doente uma tomada de consciência, para que adote com rigor o esquema de tratamento e medidas comportamentais auxiliares.

Não sendo um problema grave, na maioria dos casos, uma abordagem negligente pode acarretar consequências mais sérias, avisa Carlos António, lembrando que, «quando se passa muito tempo com atenção a pormenores, pestanejamos menos vezes que o necessário e, consequentemente, produzimos menos lágrimas. Os olhos ficam mais secos, logo com irritação e comichão».

O optometrista recomenda nestes casos: primeiro, massagem palpebral (zona das pestanas) com um pano ou papel morno, durante 30 segundo, 2 a 3 vezes por dia, para ajudar a produzir a camada lipidica (gordura); segundo, pestanejar de hora a hora durante 30 segundos (com pestanejo natural e não forçado), o que ajuda a produzir mais lágrimas; e, por último, colocar lágrima artificial (nunca colocara soro fisiológico que tira a parte lipidica) sempre que exista algum desconforto ou irritação ocular».

Qualidade do tecido ocular

As lágrimas – revela o especialista – são constituídas por uma camada lipídica, que evita a evaporação e estabiliza o filme lacrimal, e por um gel aquoso/mucoso que promove a adesão das lágrimas à superfície ocular, garantindo a nutrição e a hidratação da superfície ocular, assegurando uma melhor visão e prevenindo a ocorrência de lesões dos tecidos oculares.

Pelo sim, pelo não e desmentindo aqueles que acreditam que os problemas de visão ocorrem apenas com pessoas com idade avançada, o optometrista recorda que muitos dos problemas surgem ainda na infância e, muitas vezes, são agravados por maus comportamento e hábitos e falta de exames de rotina, que permitam um diagnóstico precoce do problema.

Assim, para evitar o olho seco nada melhor que chorar, porque chorar não faz mal a ninguém. Pelo contrário, além de ajudar a «deitar para fora» a raiva e o stress, faz o olho brilhar…